quarta-feira, 31 de agosto de 2016

INCLUSÃO DIGITAL AO ALCANCE DE TODOS.

Incentivadas por jogos, crianças aprendem a desenvolver softwares



Pouca gente pensa nisso, mas jogos virtuais, programas de computador e aplicativos para smartphones escondem centenas e até milhares de códigos em suas estruturas. São palavras e números que, arranjados da maneira correta, produzem aquilo que vemos na tela. À primeira vista, pode parecer complicado, mas a arte da programação está acessível até mesmo a crianças. O interesse dos pequenos por jogos virtuais é um atrativo para que entrem no mundo do desenvolvimento de softwares, tanto que já existem escolas especializadas em ensinar programação a crianças.
Uma das plataformas usadas para começar a ensinar uma criança a programar é o Minecraft. Sem limites ou objetivos, o jogo permite explorar a criatividade, coletando blocos para criar qualquer coisa na tela do computador. Esse é um dos métodos utilizados por uma escola em Rio Preto para ensinar programação a crianças e adolescentes com idade entre 7 e 16 anos. “Minecraft é uma ferramenta muito legal, porque explora muito a criatividade da criança, primeiro porque não tem objetivo, você cria o mundo que quiser. Mas ele também tem um módulo educacional, que serve para ensinar a programar dentro do jogo. Com esse módulo, você pode automatizar coisas que antes fazia manualmente. Mais à frente, tem uma parte mais sofisticada em que é possível fazer modificações no jogo, criando coisas que ele ainda não tem”, explica Luis Paolini, diretor da Super Geeks, em Rio Preto.
Imagem do jogo Minecraft, o primeiro passo das crianças na programação
Depois do Minecraft, os alunos aprendem a programar seus próprios jogos, chegando a usar até mesmo softwares profissionais para isso. Os primeiros programas utilizados se assemelham ao formato Minecraft por utilizar blocos para criar um software. “A gente usa uma linguagem do Google, chamada Blockly, que é uma linguagem visual, em que o aluno vai combinando blocos para fazer o seu programa. Depois, usamos a linguagem Scratch, desenvolvida pelo MIT (Massachussets Institute of Technology), que também é visual, com blocos. Nessa fase, o objetivo é desenvolver o raciocínio lógico”, acrescenta Luis.
Nessa etapa, o aluno já cria seus primeiros games. Assim como num jogo, depois de passar pelas fases básica e intermediária, o aluno segue para a etapa mais avançada, passando a desenvolver seus próprios jogos, usando linguagem em texto, com softwares profissionais. “E então usamos as principais plataformas que existem no mercado, como Python, Javascript, C-Sharp”, destaca o diretor da Super Geeks, graduado em Ciência da Computação.
Luis reconhece que nem todos os alunos se tornarão, no futuro, programadores de softwares, mas destaca os benefícios do aprendizado da programação na infância e adolescência. “Na escola a gente aprende, por exemplo, biologia, não necessariamente para ser um biólogo. Se a criança aprende programação desde cedo, vai estar à frente de muita gente se decidir seguir essa carreira.”

Fonte

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Educar


MÉTODO MONTESSORI: 10 PRINCÍPIOS PARA EDUCAR CRIANÇAS FELIZES

Os princípios do Método Maria Montessori de educação é aplicável a todos, mesmo em casa e não havendo à disposição os materiais didáticos que fazem parte do método escolar.


De acordo com Maria Montessori, o centro da aprendizagem é a própria criança que, com sua curiosidade natural, explora e dá ainda mais vazão à sua necessidade de aprender, se tiver à sua disposição um ambiente adequado, variado e estimulante. As crianças devem ser livres para escolherem os materiais, os brinquedos e as ferramentas que preferirem usar em cada etapa de seu crescimento, pois, cada experiência é uma oportunidade de aprendizagem.
Aqui estão algumas reflexões sobre o Método Montessori para inspirar pais, educadores e professores.

1. Ambiente e ordem


Maria Montessori acreditava que as crianças aprendem melhor em um ambiente arrumado. O conselho é criar seções diferentes em uma prateleira para armazenar livros, quebra-cabeças, jogos, bonecas, carrinhos, etc, tudo separadamente.
É aconselhável escolher recipientes como cestas e caixas que devem ser colocadas a uma altura facilmente alcançável pelas crianças. Também é importante ensinar a criança a arrumar cada brinquedo em seu lugar depois de tê-lo usado. Os pais devem apenas deixar à disposição os brinquedos adequados para cada idade e deixar que a criança seja livre para escolher o que quiser, mas manter a ordem e brincar com uma coisa de cada vez é muito importante.

2. Movimento e Aprendizagem


De acordo com Maria Montessori, as crianças precisam se concentrar em algumas atividades que exigem o uso e o movimento das mãos. Pense na cena clássica em que uma criança aprende a empilhar cubos um em cima dos outros. Nesta atividade, que parece um jogo, a criança não está apenas se divertindo, mas está aprendendo a importância da concentração e da coordenação.

3. Livre escolha


Maria Montessori acreditava que a liberdade de escolha foi o mais importante processo mental do ser humano. As crianças aprendem muito mais e absorvem mais informações quando elas são deixadas livres para fazerem suas próprias escolhas.
liberdade de escolha não significa liberdade para fazer o que quiser, sem regras. Trata-se de uma liberdade que leva a criança à capacidade de escolher a coisa certa a fazer. E para a criança a coisa certa é decidir o que fazer para atender as suas próprias necessidades e dar um novo passo no seu processo de crescimento.

4. Estimular o interesse


A criança aprende melhor se viver em um ambiente estimulante e cheio de objetos interessantes que atraiam a sua atenção. Mas isso não significa comprar a loja inteira de brinquedos. Crianças amam os nossos objetos do dia a dia como peneiras, panelas, colheres de pau.
Fique atento a não dar objetos muito pequenos que possam ser perigosos para os “menorzinhos”. Se puder, ofereça vários livros diferentes, materiais para fazer novos pequenos objetos artesanais (como por exemplo o rolo do papel higiênico, potinhos de iogurte etc), deixe ferramentas para desenhar e colorir à disposição da criança e tudo o que possa estimular a sua criatividade. Até mesmo uma música clássica ou relaxante pode ser útil durante o jogo e a aprendizagem.

5. Recompensas


Maria Montessori não gostava de sistemas de ensino baseados em prêmios e punições porque ela acreditava que a melhor recompensa para a criança é ter conseguido aprender a fazer sozinha uma coisa nova, graças a sua curiosidade e a sua força de vontade.
De acordo com o Método Montessori, o verdadeiro prêmio é ser capaz de atingir a meta: completar um quebra-cabeça, regar a planta sem deixar a água cair.
Nisso, um alerta: deixe a criança errar e acertar sozinha. O problema atual dos pais é não conseguir manter a ansiedade e querer ajudar a criança a completar sua tarefa. Deixa a criança fazer sozinha, ela é muito mais capaz do que você supõe.

6. Atividades práticas


A aprendizagem das crianças de acordo com o Método Montessori, se dá especialmente através de atividades práticas durante os anos pré-escolares. As atividades práticas ajudam o seu filho a estimular os sentidos do tato, visão e audição, essenciais para aprender a ordem, a concentração e a independência.
Deixe teus filhos ajudarem a limpar a casa, a cozinharem, cuidar da horta, até mesmo a costurar, pregar um botão com uma agulha não pontiaguda.

7. Grupos com crianças de diferentes idades


Na escola montessoriana as crianças estão distribuídas em diferentes classes com base na idade, mas Maria Montessori acreditava muito na formação de grupos mistos com crianças de diferentes idades porque sentia que isso era um estímulo para a aprendizagem.
Por exemplo, as crianças mais jovens ficam intrigadas com o que as mais velhas fazem e pedem ajuda a estas. Por sua vez a criança mais velha fica feliz em ensinar o que ela faz e já aprendeu. Este conselho é muito importante para os pais que têm crianças de diferentes idades.
As atividades que podem ser feitas dentro de um grupo misto podem incluir: desenho, jardinagem, esportes, brincadeiras de rua etc. Um dos princípios subjacentes ao método Montessori é deixar as crianças interagirem com as próprias crianças de diferentes idades, para que elas aprendam umas com as outras.

8. Importância do contexto


É importante, de acordo com o Método Montessori, que os temas e os conceitos a serem aprendidos sejam colocados no contexto certo. Desta forma, as crianças vão entender e lembrar melhor deles. Exemplos concretos são mais fáceis de entender do que conceitos abstratos. Este princípio prega além do mais que é essencial que as crianças aprendam fazendo em vez de (tentarem) aprender simplesmente escutando a lição.

9. O papel do professor


Para Maria Montessori o papel do professor é o de gerir e facilitar as atividades dos alunos. Não é uma pessoa que dá uma palestra falando sobre os tópicos que ensina, é um auxiliar no processo de aprendizagem que a criança pode alcançar sozinha.

10. Independência e autodisciplina


O Método Montessori encoraja as crianças a desenvolverem a independência e autodisciplina. Com o tempo, as crianças vão aprender a reconhecer quais são as suas paixões e suas inclinações e te farão entender o estilo de aprendizagem que elas preferem.
Algumas crianças gostam de leitura, enquanto outras são mais propensas a atividades práticas. Maria Montessori buscou unir, de uma forma equilibrada, todos os aspectos da aprendizagem, de modos que os princípios básicos do seu método, possam ser aplicados por todos. No entanto, na Itália, país de origem de Maria Montessori, para ser um professor montessoriano, é necessário passar por uma formação montessoriana, mas isso não impede que muitos docentes misturem ou usem o método nos aspectos em que acreditam. Muitos destes aspectos também podem aplicados em casa. O Método Montessori é genial e vai além da aprendizagem escolar pois, viver é aprender, certo?

sábado, 27 de agosto de 2016

Educação infantil

Educação Infantil no Brasil: cem anos de espera

Assistencialismo perdurou por quase um século e só perdeu força quando a Constituição de 1988 tornou o segmento um dever do Estado e fortaleceu seu caráter educativo

A biblioteca do escritor e professor Mário de Andrade, na segunda metade da década de 1930, guardava uma coleção que pareceria estranha para quem visitasse a casa do intelectual das letras naquela época: um acervo com mais de mil desenhos produzidos por crianças.

O educador começou a coleção quando foi responsável pela criação de parques infantis na cidade de São Paulo em 1935, ocasião em que ocupou o cargo de chefe do Departamento de Cultura da prefeitura da capital paulista. Neles, o escritor promovia concursos de desenhos e incentivava outras atividades artísticas entre os pequenos. 

"Mário de Andrade foi um dos primeiros pensadores da Educação Infantil no país a acreditar na valorização das produções das crianças e a colocar a atividade artística como um dos fundamentos desse segmento", explica a professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Márcia Gobbi. 

Apesar do interesse e esforço isolados de educadores como Mário de Andrade, a Educação Infantil levou muito tempo para se desvencilhar do caráter que a pontuou desde o início: a assistência social. Essa demora foi de quase um século - o primeiro jardim da infância foi inaugurado em 1895, em São Paulo. Mudanças estruturais começaram somente na década de 1970, quando o processo de urbanização e a inserção da mulher no mercado de trabalho levaram a um aumento significativo na demanda por vagas em escolas para as crianças de 0 a 6 anos. Como não havia políticas bem definidas para o segmento, a expansão de instituições de Educação Infantil nessa época foi desordenada e gerou precarização no atendimento, feito, em geral, por profissionais sem nenhuma formação pedagógica. 

Em 1975, o Ministério da Educação começou a assumir responsabilidades ao criar a Coordenação de Educação Pré-Escolar para atendimento de crianças de 4 a 6 anos. Ainda assim, o governo continuou promovendo, em paralelo, políticas públicas descoladas da Educação. Em 1977, foi criada, no Ministério da Previdência e Assistência Social, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), com o objetivo de coordenar o serviço de diversas instituições independentes que historicamente eram responsáveis pelo atendimento às crianças de 0 a 6 anos. Essas instituições eram divididas em: comunitárias, localizadas e mantidas por associações e agremiações de bairros; confessionais, mantidas por instituições religiosas; e filantrópicas, relacionadas a organizações beneficentes. A LBA foi extinta em 1995, mas o Governo Federal continuou a repassar recursos para as creches por meio da assistência social. 

Nesse mesmo período, se intensificou uma separação entre o atendimento nas creches, de 0 a 3 anos, visto como algo destinado às camadas populares, e a pré-escola, segmento voltado para as classes média e alta. "Essa é uma separação que funda a Educação Infantil no país. As creches, totalmente financiadas pela assistência social, eram vistas como uma alternativa de subsistência para crianças mais pobres e estavam orientadas para cuidados em relação à saúde, higiene e alimentação. Já a pré-escola passou a ser encarada como a porta de entrada das crianças ricas na Educação", analisa a ex-coordenadora de Educação Infantil do MEC, Karina Rizek.

Direito da criança, dever do Estado

O marco que rompeu essa tradição no país foi a Constituição de 1988, que determinou a Educação Infantil como dever do Estado brasileiro. "Foi a partir daí que a Educação na creche e na pré-escola passou a ser vista como um direito da criança, facultativo à família, e não como direito apenas da mãe trabalhadora. Com isso, os profissionais de Educação Infantil ganharam mais legitimidade e a Educação Infantil passou a ser objeto de planejamento, legislação e de políticas sociais e educacionais", explica a coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita, Regina Scarpa. 

Dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reafirmou os direitos constitucionais em relação à Educação Infantil. Em 1994, o MEC publicou o documento Política Nacional de Educação Infantil que estabeleceu metas como a expansão de vagas e políticas de melhoria da qualidade no atendimento às crianças, entre elas a necessidade de qualificação dos profissionais, que resultou no documento Por uma política de formação do profissional de Educação Infantil.

Em 1996, com a promulgação da Emenda Constitucional que cria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a Educação Infantil passou a ser a primeira etapa da Educação Básica, integrando-se aos ensinos Fundamental e Médio. "Só então a Educação Infantil ganhou uma dimensão mais ampla dentro do sistema educacional e a criança foi vista como alguém capaz de criar e estabelecer relações, um ser sócio-histórico, produtor de cultura e inserido nela e que, portanto, não precisa apenas de cuidado, mas está preparado para a Educação", diz Beatriz Ferraz, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (CEDAC), em São Paulo. 

O artigo 62 da LDB foi pioneiro ao estabelecer a necessidade de formação para o profissional da Educação Infantil. Segundo a lei, a formação do educador desse segmento deve ser "em nível superior, admitindo-se, como formação mínima, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal". O texto reafirma, também, a responsabilidade constitucional dos municípios na oferta de Educação Infantil, contando com a assistência técnica e financeira da União e dos estados. 

Com o objetivo de oferecer parâmetros para a manutenção e a criação de novas instituições de Educação Infantil, o MEC publicou, em 1998, o documento Subsídios para credenciamento e o funcionamento das instituições de Educação Infantil. No mesmo ano, visando a elaboração de currículos de Educação Infantil, cuja responsabilidade foi delegada pela LDB a cada instituição e seus professores, o ministério editou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Um ano depois, em 1999, o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Esses documentos são, hoje, os principais instrumentos para elaboração e avaliação das propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil do país.

Mitos da Educação

MITOS DA EDUCAÇÃO

  •  Para ser um bom professor é preciso ter dom e vocação


Por que é um mito A docência não é uma capacidade inata, e sim uma carreira que, como outras, pressupõe esforço pessoal e formação que possibilitem o domínio de aspectos teóricos e práticos ligados à aprendizagem.
Por que derrubá-lo Um dos grandes desafios do país é a revalorização da carreira docente - com bons salários e condições de trabalho dignas para os educadores. Para que isso ocorra, é necessário que todos tenham acesso à formação inicial e continuada de qualidade. Só com estudos constantes, planejamento e dedicação, é possível ser um bom professor, ou seja, ensinar todos os estudantes.

  • A função mais importante da escola é formar cidadãos


Por que é um mito Não se pode desvalorizar a cultura escolar propriamente dita para dar mais importância a dimensões extracurriculares.
Por que derrubá-lo Não há como ser contra oferecer uma Educação integral aos estudantes e ensiná-los para a cidadania - ideia que começou a chegar à escola no fim do século 19. Nos últimos anos, inúmeros temas foram incorporados desenfreadamente ao currículo com esse objetivo. Porém isso não pode tomar mais tempo e energia dos professores do que atividades básicas, como a alfabetização e o ensino dos conteúdos de cada uma das disciplinas. Para dar conta dessa formação tão ampla, a articulação é o caminho. Outras instituições além da escola - como espaços culturais e asssociações comunitárias - podem contribuir com a aprendizagem de aspectos relacionados à cidadania e à cultura.

"As aprendizagens escolares são uma condição fundamental da cidadania. Ninguém é cidadão, de corpo inteiro, se não conhecer a língua e a história, a matemática e as ciências, a filosofia e as artes." 
António Nóvoa, educador português e reitor da Universidade de Lisboa.

  •  Criança pobre não aprende


Por que é um mito Todos podem aprender, independentemente de sua condição socioeconômica. 

Por que derrubá-lo A ideia de que crianças das camadas mais pobres não avançam nos estudos é fruto de um déficit histórico do país com a Educação. Somente na década de 1990, o Brasil conseguiu ultrapassar a marca de 90% da população de 7 a 14 anos no Ensino Fundamental - hoje esse índice é de 97,6%. Isso possibilitou a inclusão na escola de milhares de crianças, cujos pais, em sua maioria, estiveram fora do sistema de ensino. Muitas chegaram - e ainda chegam - às salas de aula sem nunca ter tido acesso a livros, revistas e jornais, por exemplo. Esses, no entanto, não são motivos para que haja dificuldades na compreensão dos conteúdos. Se o país avançou na ampliação do acesso e estudar é um direito universal, cabe agora ao sistema oferecer um ensino de qualidade, garantindo a permanência de todos nas salas de aula. A solução é permitir que cada estudante avance do ponto em que está. Ao fim da Educação Básica, espera-se que todos tenham as mesmas oportunidades, independentemente de seu contexto econômico e social. Para que isso ocorra, vários fatores são essenciais: formação inicial e continuada de qualidade para a equipe escolar, infraestrutura, um currículo coerente com a realidade local e um acompanhamento constante. 

"A escola é, por excelência, o espaço da garantia da aprendizagem. Se o contexto social dos alunos não contribui, cabe a ela proporcionar as oportunidades necessárias." 
Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).

  • Educação se aprende em casa. Cabe à escola apenas ensinar os conteúdos


Por que é um mito A escola, além de dar conta do currículo das disciplinas, também é um espaço de socialização, em que se aprendem regras de convivência e o respeito às diferenças. 

Por que derrubá-lo É papel da família, sem dúvida, orientar as crianças para que elas dominem algumas regras básicas de conduta. Essa tarefa, entretanto, não é apenas uma atribuição dos pais. A escola também é responsável por ensinar regras coletivas, que são valorizadas pela cultura da sociedade de que ela faz parte, e que nem sempre são seguidas em casa. É essencial para os estudantes ter outros adultos como referência, além da própria família. O professor, certamente, é um deles e, por isso, pode causar um impacto muito positivo na vida deles.


"Não é justo esperar que os pais, cuja maioria tem escolaridade menor que a dos filhos, ensinem a eles todas as habilidades e competências que precisam ser aprendidas ao longo da vida." 
Patrícia Mota Guedes, pesquisadora da Fundação Itaú Social, em São Paulo.

  •  Conteúdo dado é conteúdo aprendido


Por que é um mito Ensino e aprendizagem são processos distintos. O professor ensina, propõe atividades e problemas, mas isso não significa que todos aprendam da mesma forma.

Por que derrubá-lo Dar conta de todo o programa é um desafio! Por outro lado, não adianta prosseguir com o cronograma se os alunos não estiverem entendendo. Seguir para o próximo assunto e ignorar aqueles que estão com dificuldade pode trazer impactos cada vez mais difíceis de superar. Quando necessário, é preciso voltar ao mesmo assunto com outras formas de abordagem.

"Não é possível culpabilizar o aluno pelo fracasso. Se o contexto social não é favorável, o investimento educacional precisa ser maior." 
Telma Weisz, supervisiona o programa Ler e Escrever, da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo.





EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA: ENSINO DE QUALIDADE DEVE SER PARA TODOS

]A educação especial inclusiva tem como mote o ensino de qualidade a toda e qualquer criança ou adulto, incluindo aqueles com algum tipo de deficiência física ou mental. Não há discriminação na hora de educar uma criança sem ou com deficiência, pelo menos deveria ser assim. O aluno pode ser surdo, mudo, cadeirante, portador de síndrome de down, ele tem direito de aprender junto a um colega que não tem nenhuma dessas características. O grande objetivo é trabalhar as diferenças de modo a satisfazer as necessidades básicas de todos e promover inclusão no meio social.

Educação especial nas escolas
Na mesma escola, nas mesmas salas de aulas e com os mesmos professores convivem os mais diversos perfis de alunos. A base é a que toda criança tem o direito de acesso à melhor educação existente naquele bairro, naquela cidade. Trata-se da equiparação das oportunidades entre aqueles que sempre foram excluídos e aqueles que se incluem naturalmente no sistema educacional comum.
Os defensores da educação especial nas escolas acreditam que toda criança é especial e única. E que os professores devem estar preparados para atender à necessidade especial de cada aluno. Diversidade é algo fundamental para uma sociedade realmente democrática. Ou seja, diferenças existem e devem ser aceitas e respeitadas sempre e em qualquer lugar.
Mas há também uma linha contrária à educação especial inclusiva. Muitos especialistas alegam que, hoje, as escolas não conseguem nem atender à demanda comum e que o resultado são salas de aula sempre superlotadas e baixa qualidade de ensino. Como os professores conseguirão dar conta de atividades de educação especial, além das tradicionais? Há uma preocupação tanto em não atender do modo devido à criança especial, como não atender suficientemente aos demais. Alega-se que, para atender uma criança especial, é necessário um preparo também especializado.

Informática na educação especial
Não há como negar que os sistemas educacionais têm de mudar para poder responder a essas necessidades. As atividades de educação especial inclusiva não serão as mesmas para uma educação comum. Um exemplo é o ensino de informática. Criatividade, tecnologia e muita pesquisa são parte da solução. Mouses e monitores adaptados, softwares, hardwares e games ajudam, e muito, no acesso do deficiente à informática na educação especial. Esse aprendizado eficiente possibilita maior poder de comunicação, integração, independência, qualidade de vida e inclusão.

Legislação sobre educação especial

A discussão sobre a inclusão educacional vem crescendo no mundo inteiro e teve início nos anos 90. A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, na Espanha, teve grande responsabilidade em impulsionar a educação inclusiva em diversos países. Durante o evento foi elaborada a Declaração de Salamanca, que trata dos princípios, política e prática em educação especial. A resolução determina que todas as escolas devem acolher a todas as crianças, independentemente de suas limitações físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.

Educação especial no Brasil
O debate sobre educação especial no Brasil ganhou força também nesta época, quando foi criada, inclusive, uma legislação para educação especial. A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais da Educação (9.394/96), de 1996, reserva artigos para o tema, o que reafirma o direito constitucional de educação pública e gratuita aos deficientes.
Mesmo assim, a maioria das crianças com necessidades especiais ainda está fora do sistema tradicional de ensino. Muitas estão em escolas específicas para crianças deficientes. Outras tantas estão simplesmente sem acesso à educação de qualidade.


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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Em defesa da humildade pedagógica

"Educadores são amadores no duplo sentido da palavra, porque amam o que fazem e porque nunca estão prontos", declarou o filósofo e professor Mario Sergio Cortella, durante palestra na Semana Pedagógica do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), no início de 2012, na capital paranaense. Com base nessa ideia, Cortella, que é professor-titular na área de Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde atua desde 1977, defende que é essencial a humildade pedagógica na prática docente, sobretudo no século 21 – quando a velocidade das mudanças faz com que os alunos sejam diferentes a cada ano, exigindo uma formação contínua e permanente.
Mario Sergio Cortella é doutor em Educação pela PUC-SP e teve como orientador de sua tese Paulo Freire, com quem também trabalhou na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e a quem veio a substituir na função de secretário em 1991 e 1992. Na entrevista a seguir, o filósofo expõe de maneira bastante clara e articulada, como em suas palestras que costumam ser muito apreciadas pelos educadores, suas ideias sobre temas que vão da sala de aula e políticas públicas à maior lição que aprendeu com Paulo Freire.
Profissão Mestre: O que é humildade pedagógica?
Mario Sergio Cortella: É uma virtude necessária ao exercício da prática docente. Humildade não é subserviência, não é simplesmente abrir mão daquilo que se pensa, se deseja, que se tem como valor. Mas é não ter uma postura que seja sectária, divididora e ao mesmo tempo fragmentada dos vários modos das coisas acontecerem no nosso cotidiano. Portanto, a humildade é a capacidade de percepção de que nós estamos em formação contínua e permanente dentro da atividade do magistério. Diriam que isso sempre aconteceu, o que é verdade. O que mudou hoje é que houve um incremento da velocidade das alterações, o que exige de nós, cada um e cada uma, na área de educação escolar, uma atenção maior à nossa formação continuada. E só se forma aquele que sabe que ainda não está pronto. Isto é, o que é humildade? É saber que você não é perfeita ou perfeito. Eu gosto dessa palavra porque perfeito em latim significa “feito por completo”, “feito por inteiro”, isto é, “concluído”. E um educador sabe que não está perfeito, não está concluído, não está terminado. Esse é um sinal de humildade que ajuda a crescer.
Profissão Mestre: Dentro desse contexto, para o professor se atualizar é fundamental a tecnologia ou existem coisas mais importantes?
Cortella: As plataformas digitais não são inimigas nem adversárias das plataformas existentes anteriormente. O ensino a distância, que tanto se fala hoje, a primeira forma de fazê-lo foi por meio do livro. O livro é um objeto, é uma plataforma de ensino a distância. Afinal, é com ele que se levava a lição para casa. O caderno também era. Você estudava em casa, levava para outros lugares, ia à biblioteca. O que se precisa entender é que é necessário de um lado afastar a informatofobia, que é esse pânico em relação ao uso do mundo digital dentro da educação escolar e, por outro lado, afastar a informatolatria, que é a adoração de tudo que é digital supondo que isso resolve as questões em educação. É necessário, antes de tudo, que eu seja capaz de levar em conta esse mundo digital para usá-lo naquilo que é a intenção do que se deseja fazer. Muitas vezes se fará usando a plataforma, outras sem ela. Por exemplo: um jovem, uma criança, brinca de pique, de correr, de bola e de esconde-esconde, em que não há nenhuma digitalização, assim como vai até um game, até um Wii [console de videogame] e à internet, ou seja, se pluga e despluga a partir da intenção e da necessidade. E o trabalho pedagógico também é isso. Agora, um professor ou professora não pode, de maneira alguma, afastar o mundo digital do seu cotidiano, porque o mundo hoje tem isso. Nós transformamos átomos em bits e fizemos com que houvesse uma alteração do nosso modo de convivência. Desconsiderar isso é sinal de tolice. Também cair de braços sem reflexão é outro sinal de tolice. Nem informatofobia nem informatolatria.
Profissão Mestre: Com a facilidade de acesso aos conteúdos, cogita-se que o professor possa vir a se tornar um mediador do conhecimento. Como o senhor enxerga a sala de aula do futuro? O professor será apenas um mediador?
Cortella: Eu sempre tenho uma reflexão em relação a essa questão: e quando não o fomos? Quando que nós não fomos mediadores? Para se supor que nós passaremos a sê-lo, quando nós deixamos de sê-lo? Supor que um aluno já chegue formado não é algo que faz sentido. Supor que o professor faça a ponte entre aquilo que ele [o estudante] não sabe e o que saberá é o que sempre existiu em educação. A grande diferença hoje é que um professor mais inteligente leva em conta aquilo que o aluno já sabe para que ele comece a saber aquilo que precisa saber. Aquilo que Paulo Freire chamava de universo vivencial do aluno, a leitura do mundo. Não supor que o aluno é apenas um vaso absolutamente vazio em que se vai colocando coisas dentro. Mas em que momento da nossa trajetória nós não fizemos a mediação? Sempre, em todos os tempos. Agora se tem isso com uma atenção maior, porque se valoriza a capacidade que o aluno carrega. Agora, que nós sempre o fomos [mediadores], não tenho a menor dúvida.
Profissão Mestre: Falando sobre desempenho escolar, existem estudos que mostram que o aspecto socioeconômico e a escolaridade dos pais são mais impactantes do que qualquer outro fator. Levando isso em consideração, o que sobra para a escola fazer para melhorar o desempenho do aluno?
Cortella: É preciso oferecer políticas compensatórias que façam com que a equidade venha à tona. É absolutamente injusto tratar desiguais de forma igual. Se você tem uma desigualdade que precisa ser suprimida, é preciso dar um tratamento em que ele tenha um atendimento especial. E esse especial não significa exclusivo, não significa privilégio, significa apenas uma atenção maior. Ninguém em sã consciência proporia, em nome da igualdade, a extinção das UTIs nos hospitais. Existem algumas situações que são de UTI. Se a gente se refere na educação ao desempenho escolar, há de fato o impacto forte do contexto familiar no desempenho dos alunos. Para isso, a escola pública, que é majoritária em nosso país – representa 87% das vagas que nós temos na educação básica –, necessita que os governos, nas suas redes, estruturem projetos pedagógicos que envolvam a comunidade. Ou seja, que faça com que a comunidade de pais, alunos, professores e funcionários participe mais ativamente para elevar a condição da própria comunidade. De nada adianta supor que o aluno isoladamente possa ser avaliado por algo que não domina se ele não tem uma fonte, uma base anterior. Embora “a piscina seja a mesma”, na hora de mergulhar e nadar, o modo como cada um chega até a piscina, mais formado, mais alimentado, mais treinado, vai fazer com que haja de fato diferença. Por isso, as redes públicas necessitam criar políticas específicas para que haja a equidade, isto é, a garantia dos direitos dentro de uma sociedade em que se quer democracia.
Profissão Mestre: Falando sobre equidade, qual é a sua opinião sobre políticas de meritocracia, como bonificação de professores, em um contexto desigual de desempenho escolar?
Cortella: Políticas de meritocracia dessa natureza, implantadas quando não envolvem uma rede pública, o conjunto dos docentes, são extremamente perversas, porque criam uma disputa interna e podem criar a simulação de algumas situações. Um governo que deseje, de fato, alterar a qualidade da educação que oferece dentro da estrutura pública precisa ter políticas que não trabalhem apenas com estímulo monetário exclusivo para um grupo. Avaliação não é auditoria, é reorientação de processos. Avaliação não é disputa ou concurso. Acho muito bom, quando se tem um estímulo, fazer com que em uma determinada escola haja a possibilidade de elevar a condição daquela comunidade pelo desempenho. Mas, quando isso é feito sem que se ofereça a quem lá trabalha as condições de formação, isso produz um agravamento da injustiça. Porque você pode ter, por exemplo, uma escola na área central de Curitiba ou de São Paulo ou do Rio de Janeiro que tem professores que são mais formados, já estão na área há mais tempo. Quem não é da área de educação talvez não saiba uma coisa, mas nas redes públicas um professor vai escolhendo dar aula nas áreas centrais de acordo com os títulos e pontos que já tem. Os ingressantes, com menor tempo, com menor formação, costumam ir para as áreas periféricas. Ora, se você fizer um sistema que haja avaliação nessa sistemática é óbvio que para aquele que já entrou prejudicado, se não teve condição de ser colocado em um ponto de equidade, será falho. Por isso acho muito parcial esse tipo de processo. Avaliação é necessária, mas utilizar avaliação como mecanismo de remuneração é muito estranho quando você trabalha com rede.
Profissão Mestre: Qual seria então o caminho para a valorização do professor, esse problema que se arrasta há anos no Brasil?
Cortella: A valorização não passa só por governo, passa pela sociedade geral. A gente tem uma sociedade em que a atividade da prática docente passou a ser considerada uma atividade secundária, pouco valorizada. A valorização docente vem, especialmente, por melhores condições de trabalho, formação permanente e democratização da gestão. Nesses três polos – democratização de gestão, formação continuada e ao mesmo tempo melhoria das condições de trabalho – haverá valorização. Uma valorização que é feita apenas no abstrato, apenas com um discurso que aparece em períodos de eleição, é uma armadilha tola, na qual quase ninguém mais tem algum tipo de crença.
Profissão Mestre: Muitos professores e nossos leitores admiram Paulo Freire. Qual foi uma das lições que o senhor aprendeu com ele no contato próximo que tiveram?
Cortella: A maior lição que aprendi com Paulo Freire foi o uso do verbo esperançar. Paulo Freire dizia que é preciso ter esperança, mas do verbo esperançar. Porque tem gente que tem esperança do verbo esperar, e esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Alguns dizem “espero que dê certo”, “espero que funcione”, “espero que resolva”, isso não é esperança, é espera. Esperançar é ir atrás, se juntar, não desistir. O que mais aprendi com Paulo Freire foi a ideia de esperança ativa, que não é da pura espera, mas é a esperança que procura, constrói, busca e sabe que a atividade docente, acima de tudo, não é um emprego, é fonte de vida. A gente também tem isso como um emprego, mas ela é, acima de tudo, uma fonte de vida em que a esperança é a nossa recusa ao biocídio, a nossa recusa à falência da vida e, portanto, o nosso modo de existir e esperançar.
Escrito por Yannik D´Elboux  

Profissão Pedagoga!!!!

Fonte



A FUNÇÃO SOCIAL DO PEDAGOGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA


Percebe-se, cada vez mais a busca incessante entre a articulação da organização pedagógica e a função social do pedagogo, em vista do surgimento de novas demandas no âmbito educacional. Os problemas atuais na sociedade emergem no contexto escolar, seja por meio de violência, falta de política pública, profissionais qualificados e capacitados, relação familiar, relação entre aluno e professor e falta de diálogo entre o segmento escolar. Esta percepção tem levado a um conflito sucessivo entre os gestores educacionais, pois necessita cada vez mais de novos conhecimentos, assim como atitudes e mais habilidade para realização de seu ofício. 

Faz preciso que o Pedagogo, diante do seu papel de mediador de análises e provocador de caminhos aos educadores, possa levá-los a produção de conhecimento, sendo capaz de perceber a necessidade do aluno e da escola. No entanto, os pedagogos necessitam atualizar e adequar sua postura em face de seu trabalho pedagógico realizado na instituição, conforme as mudanças e avanços de sua profissão. Para alcançar o sucesso na educação básica é preciso que o pedagogo tenha clareza do Projeto Político Pedagógico - PPP, assim como os critérios avaliativos de aprendizagem, concepções de currículo e das relações interpessoais diversas a serem excetuadas na escola. 

Todavia, a escola, tem o papel fundamental e relevante de tornar o aluno um cidadão participativo e crítico, preparado para analisar de forma reflexiva os problemas da sociedade. Como tal, apresenta-se a necessidade de participação de formações continuadas, para tornar-se um profissional que tenha segurança e habilidades necessárias para os desafios escolares, e passe o real sentido do comprometimento de suas funções para sua equipe, somente assim as perspectivas de educação básica com qualidade, serão alcançadas.

Qual é o papel da escola e do educador do século XXI?

Novas formas de acessar informações e dados com a internet onipresente em equipamentos fáceis de manusear, novas formas de se relacionar por meio de redes sociais também rápidas e de utilização simples, uma vida social e econômica em constante mudança, causando a impressão de que há mais fatos e acontecimentos do que a capacidade pessoal de reconhecê-los e de entendê-los. Nesse contexto, qual seria o papel do educador e da escola? Transmitir o saber sistematizado às novas gerações? Preparar as novas gerações para o futuro? Como fazer isso se as novas gerações parecem dominar mais o mundo contemporâneo do que os adultos responsáveis por sua educação?
SAM_3660Atividade de integração de jovens do Jd. Ângela com estudantes do Colégio Equipe
Como diz Hanna Arendt, “A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele (…). A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós (…)”. (p. 247) E ainda diz mais: “(…) o conservadorismo, no sentido de conservação, faz parte da essência da atividade educacional, cuja tarefa é sempre abrigar e proteger alguma coisa – a criança contra o mundo, o mundo contra a criança, o novo contra o velho, o velho contra o novo”[1]. (p. 242)
[1] Hannah Arendt, “ A crise da educação” em Entre o Passado e o Futuro, São Paulo, Editora Perspectiva, 1997.
Danilo
Cartaz produzido por alunos do 8º ano no curso de Multimeios
É pensando nessa dupla direção do processo educativo, que, para nós no Colégio Equipe, a finalidade da educação não é apenas a de preparar crianças e jovens para o futuro, mas introduzi-los no mundo da cultura, ou seja, a educação deve criar condições para que eles desenvolvam ferramentas que os tornem capazes de compreender o mundo em que vivem, de se identificar com ele e atribuir novos significados à herança cultural presente nele. Nesse sentido, seja qual for o século, o papel da escola e de seus educadores é o de socialização do saber sistematizado construído pela humanidade. É justamente a necessidade de que as novas gerações se apropriem desse conhecimento que justifica a existência da escola e o trabalho do educador.
SAM_3635Atividade de integração de jovens do Jd. Ângela com estudantes do Colégio Equipe
Por outro lado, a escola e seus educadores estão inseridos no mesmo contexto sociocultural e também sofrem institucionalmente os impactos das novas formas de saber e de se relacionar socialmente. Especialmente porque as novas tecnologias e as ferramentas digitais passam a modificar as formas de aprender e de interagir socialmente, a escola e seus educadores têm de enfrentar o desafio de entender que modificações são essas e de que forma interferem nas relações professor-aluno-conhecimento. A escola e seus educadores não podem deixar de se dedicar a essa questão.
MariahCartaz produzido por alunos do 8º ano no curso de Multimeios
É por isso que a tecnologia e suas possibilidades de informar e comunicar devem fazer parte do currículo da escola hoje em todos os ciclos. Não só como recursos técnicos para favorecer a aprendizagem como também como conteúdos de estudo e tema de reflexão. Por isso, há alguns anos introduzimos disciplinas como Multimeios, Tecnologias, Leituras de Imagens e Leituras de Mídias Informativas no Ensino Fundamental II. Alguns trabalhos realizados nessas disciplinas já foram publicados neste blog (link). Nossa intenção é que esses cursos, pautados em algumas ferramentas digitais, contribuam para que nossos alunos aprimorem suas possibilidades de leitura dos mais diversos textos que circulam socialmente e que ampliem sua capacidade de argumentação, seus recursos expressivos, seus procedimentos de investigação, aperfeiçoando a forma como utilizam a tecnologia.
SAM_3612Atividade de integração de jovens do Jd. Ângela com estudantes do Colégio Equipe
Também para favorecer que os alunos relacionem o que aprendem na escola com a realidade em que estão inseridos, na 3ª série do Ensino Médio são oferecidos Cursos Temáticos, que abordam questões da contemporaneidade a partir de referenciais teóricos importantes do ponto de vista histórico e cultural. O cinema é um documento histórico? Como a experiência da Arte se contrapõe à supremacia da imagem? Como a juventude brasileira se posiciona em relação às perspectivas de gênero, classe e etnia? O que é religião? São Paulo tem jeito? São algumas das questões propostas para estudo e debate entre os alunos da 3ª série.
LuizaCartazes produzido por alunos do 8º ano no curso de Multimeios
Relacionando fenômenos contemporâneos com conceitos e teorias de grandes áreas do conhecimento, articulando fatos históricos com acontecimentos recentes, acreditamos que assim nossos alunos estejam preparados para enfrentar o século XXI. Não porque tenham conhecimento acumulado, mas porque são capazes de relacionar o que aprenderam com o que vivem e, portanto, sabem fazer boas perguntas para si próprios e para o mundo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

TIC na educação do Brasil


Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) exercem um papel cada vez mais importante na forma de nos comunicarmos, aprendermos e vivermos.
O desafio é equipar essas tecnologias efetivamente de forma a atender aos interesses dos aprendizes e da grande comunidade de ensino e aprendizagem.
A UNESCO acredita que as TIC podem contribuir com o acesso universal da educação, a equidade na educação, a qualidade de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento profissional de professores, bem como melhorar a gestão, a governança e a administração educacional ao fornecer a mistura certa e organizada de políticas, tecnologias e capacidades.
A UNESCO aborda as TIC para a educação de forma abrangente por meio de uma plataforma intersetorial própria, focada no trabalho conjunto dos setores de Comunicação e informação, Educação, e Ciências, onde as questões sobre acesso, inclusão, equidade e qualidade na educação são tratadas.
A UNESCO – seus escritórios nacionais, recionais e institutos – em colaboração com seus parceiros, desenvolve recursos que podem ajudar os países a elaborarem TIC nas políticas, estratégias e atividades educacionais de forma efetiva, incluindo a garantia de que essas estratégias enfrentem desafios causados pela exclusão digital das populações mais desfavorecidas.
Seu programa inclui :
  • Capacitação e aconselhamento de políticas públicas para o uso de tecnologias na educação, particularmente nos domínios emergentes como a aprendizagem móvel.
  •  Garantia de que professores tenham as habilidades necessárias para usar as TIC em todos os aspectos da prática de sua profissão por meio de ferramentas como o Marco Político de Padrões de Competência em TIC para Professores.
  • Apoio do uso e desenvolvimento de recursos e softwares educacionais plurilíngues, que sejam disponíveis para uso e reuso como resultado de licenças abertas (recursos educacionais abertos – REA; software livre e aberto [free and open source software – FOSS]).
  • Promoção de ITC para educação inclusiva, que inclua pessoas com deficiências e proporcione a igualdade de gênero.
  • Coleta de dados estatísticos e desenvolvimento de indicadores sobre o uso de TIC na educação.
  • Provisão de apoio à políticas públicas que garantem que o potencial de ITC seja aplicado efetivamente por todo o sistema educacional.
    O Instituto de Tecnologias de Informação para a Educação (UNESCO Institute for Information Technologies in Education – IITE), com sede em Moscou, se especializa em intercâmbio de informações, pesquisa e treinamento sobre a integração das TIC em educação.
A UNESCO trabalha com comunidades educacionais do mundo todo – Ministérios da Educação, institutos especializados, professores, aprendizes e participantes em capacitações – para alavancar efetivamente o potencial das TIC de forma a elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem.
O uso de TIC na educação do Brasil
O Brasil precisa melhorar a competência dos professores em utilizar as tecnologias de comunicação e informação na educação. A forma como o sistema educacional incorpora as TIC afeta diretamente a diminuição da exclusão digital existente no país.
Vários pontos devem ser levados em conta quando se procura responder a questões como: Como as TIC podem ser utilizadas para acelerar o desenvolvimento em direção à meta de "educação para todos e ao longo da vida"? Como elas podem propiciar melhor equilíbrio entre ampla cobertura e excelência na educação? Como ela podem contribuir para reconciliar universalidade e especificidade local do conhecimento? Como pode a educação preparar os indivíduos e a sociedade de forma a que eles dominem as tecnologias que permeiam crescentemente todos os setores da vida e possam tirar proveito delas?
  • Primeiro, as TICs são apenas uma parte de um contínuo desenvolvimento de tecnologias, a começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer a aprendizagem.
  • Segundo, as TIC, como qualquer ferramenta, devem ser usadas e adaptadas para servir a fins educacionais.
  • Terceiro, várias questões éticas e legais, como as vinculadas à propriedade do conhecimento, ao crescente tratamento da educação como uma mercadoria, à globalização da educação face à diversidade cultural, interferem no amplo uso das TIC na educação.
Na busca de soluções a essas questões, a UNESCO coopera com o governo brasileiro na promoção de ações de disseminação de TIC nas escolas com o objetivo de melhorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem, entendendo que o letramento digital é uma decorrência natural da utilização frequente dessas tecnologias. O Ministério da Educação tem a meta de universalizar os laboratórios de informática em todas as escolas públicas até 2010, incluindo as rurais. A UNESCO também coopera com o Programa TV Escola, para explorar a convergência das mídias digitais na ampliação da interatividade dos conteúdos televisivos utilizados no ensino presencial e a distância.
A UNESCO no Brasil conta com a permanente parceria das Cátedras UNESCO em Educação a Distância em várias universidades brasileiras, que utilizam as TIC para promover a democratização do acesso ao conhecimento no país